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segunda-feira, abril 04, 2005

Melgas e Mosquitos 

Insónia. Ontem derrapei no alcatrão, a mão direita esfolou, dói-me, assim como a cabeça, que me não deixa adormecer apesar de cansado. Ontem a noite foi longa e dormi mal, devo adormecer agora que nem um anjinho assim que a enxaqueca passe, já tomei dois comprimidos e tudo. Deve estar quase. Provavelmente acordarei a qualquer momento e vai ser de manhã, cara sobre o teclado e isto inacabado. [ ] Aqui, por exemplo. Podia ter adormecido ali atrás, naquela paragem do discurso mais comprida do que habitual, mas não, continuo por aqui, dormindo acordado.

Vim cá abaixo ver se nestas cadeiras confortáveis, sentadinho e de cabeça para trás, a dor passava. Deitado, duvido Não contava era com este zumbir aos círculos sobre a cabeça que me faz lembrar Verão, férias e acampamentos com noites abafadas e mal dormidas:

"...melgas e mosquitos não fazem mal, são apenas um estado mental"... [este Lado Lunar é das melhores faces da Lua que conheço!!!]

...às escuras, com sono, uma melga pode bem ser a companhia mais angustiante que conheço. Arrasto-me até ao candeeiro a ver se ao invés de mim a sacana chupa a luz, diz-se que as atrai. Afastado, liguei aqui o computador. Just in case. Talvez não me veja. Comecei a escrever, nada de jeito como se vê.

Romance de uma melga numa noite de Primavera.

Estupor. Já me mordeu. [Coço-me] Só me faltava esta.

Lembro-me do prazer que é, no meio do desespero de uma noite, esbracejando no escuro tentando acertar letalmente no zumbido, fazendo cálculos da sua rota e disferindo golpes nada certeiros, ligar a luz e ter nas palmas das mãos um risquinho preto com duas impotentes asas esmagadas, qual almofariz. Um sorriso malicioso surge, inevitável, um prazer mórbido pelo moribundo que jaz e que ainda agora zumbia alegre ao ouvido...

Uma vez, ao ler um livro, com a luz acesa ainda, uma destas agonias picadoras apareceu bradando-me fininho. Enervado por aquele sibilar, perdi a cabeça. Não a cacei, no entanto, e julguei-a desaparecida. Continuei a ler. Mas de quando em vez lá voltava ela interrompendo-me a leitura e pondo-me aos murros ao ar, tentando em vão esmurrá-la. Da última vez, para a dita, fingi que não a ouvia, enquanto lia, e me mostrava concentrado, qual actor de westerns.

Mesmo por cima da minha cabeça: bzzzzzzzzzzz, bzzzzzzzzzzzz...

...e neste teatro, PUM!!! fechei o livro com um estrondo e deixei de lhe ouvir o pio. Abri devagarinho na página onde terminara de ler e continuei até ao fim desse capítulo. Não me incomodou nada vê-la ali à margem do texto, silenciosa finalmente, perdoem-me da Associação Protectora dos Direitos dos Animais. Motivos...

Ainda que apenas um estado mental há alucinações muito reais. E eu que o diga, que ando a sonhar com noites de bailarico desde essa excitante noite de música pimba. Acho que vou dormir, já devo conseguir, não? Se deixar aqui a luz de baixo acesa e sair de mansinho talvez as melgas e mosquitos não percebam e eu durma descansado. Não me apetece nada agora andar à caça de borboletas minorcas. [Bocejo] Ainda por cima com o sono com que estou. Fim de insónia.

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