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quinta-feira, dezembro 29, 2011

É tempo de arrumar as botas? 

E aconteceu. Peço mais uma cerveja para ajudar a engolir este sapo. Estivemos juntos. Não sozinhos, com um grupo de amigos, mas ainda assim juntos. Da última vez que estivemos sozinhos houve beijos, e foi no teu aniversário. Como se beijos na boca nos aniversários significassem alguma coisa... Desde então só te vi uma vez no Cais do Sodré, na companhia de um moço que não me apresentaste. Presumi que fosse mais que um simples amigo, caso contrário apresentar-mo-ias...presumi mal?!

Hoje senti-te distante. Senti-me distante, aliás. Quase nunca te olhei, porque receei não estivesses a olhar para mim. Deve ser uma questão de habituação. Habituei-me. Hei-de habituar-me também agora. Somos animais de hábitos, ouvi dizer ou vi algures escrito.

Desprendo as tuas fotografias do meu coração, as dos momentos felizes passados em conjunto. Já lá vão uns anos. Temos vivido na sombra desses bons tempos. É tempo de seguirmos a nossa vida. Cada um a sua. Mas chega de conversas tristes. É tempo de celebrar. Brinde aos noivos! Não me posso de esquecer de preparar um texto para apresentar no casamento. Algo que num parágrafo faça rir mas também faça chorar os 180 convidados. Se calhar conto-lhes a nossa história, o que achas?

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quinta-feira, dezembro 15, 2011

Tertúlia 

Entrámos num bar onde só estivera uma vez com uma “amiga". Eles não o conheciam. Lembrei-me daquele sítio porque era acolhedor, não porque fosse cliente habitual. Normalmente sou mais de cirandar por vários bares e ficar fora a ver quem passa, a bebericar um copo e a fumar um cigarro. Mas estava frio e lembrei-me que ali era capaz de ser agradável. E foi. A empregada sentiu-se ofendida quando pedi tremoços para os três. Trouxe três taças de cereais com tremoços até cima. Disse-lhe que era capaz de ser demasiado, ao que ela torceu o nariz e respondeu que não gostava que brincassem com o trabalho dela. Mas que merda, o cliente não costuma(va) ter sempre razão?

À medida que os anos passam, estes encontros também servem para recordar momentos vividos há cada vez mais anos, quando nos divertíamos. Tempos idos em que 3h30 “ainda a noite é uma criança” e tu não bocejavas porque o sono só existia no dia depois. Nessa altura também tu bebias sempre cerveja e tu vinho carrascão porque a bolsa não dava para mais, nem o palato apreciava outros álcoois. Eu continuo a beber cerveja. Brinde aos noivos!

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quinta-feira, dezembro 01, 2011

Amarelo da Carris 



Esta estória desenrola-se na Lisboa dos anos 80, ali para os lados da Assembleia da República, na Rua Poço dos Negros. Dentro de dois ou três minutos, mais coisa menos coisa, o eléctrico 28 irromperá pelo cenário acima, assobiando e colorindo de amarelo este chuvoso dia de Outono.

À pendura, um drogado e um colegial rufia, vêm desde Campo de Ourique encavalitados no degrau da porta traseira do eléctrico, sem pagar bilhete. Lá dentro: duas velhinhas olham-nos e comentam o lamentável estado da mocidade portuguesa, recordando outros tempos; outros colegiais admiram a coragem do rufia caloteiro (e esperam não ser roubados pelo drogado, à saída); dois carteiristas de bigode actuam sintonizados sobre um desprevenido casal de turistas alemães que fotografa maravilhado as varandas alfacinhas e os estendais de roupa.

Uma senhora acaba de entrar numa loja de artigos de decoração e hotelaria, para abrigar-se da chuva que começou a cair mais forte. Trata-se da esposa de um ex-Presidente da República, carinhosamente apelidado de “papa-almoços” pelo seu povo. Ela chama-se Gertrudes Tomásia e é atendida simpaticamente pela Mabilda, escondida atrás de uns óculos fundo de garrafa.

E eis que o amarelo da Carris se anuncia ao fundo da rua, com o seu típico chiar.


(to be continued)




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