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sexta-feira, abril 01, 2005

Singularidades de uma Rapariga Loira 

Nada a propósito de "viajar" encontrei uma frase que, ainda assim, vai muito ao encontro do que aqui sinto nesta pacatazinha e linda cidade de bonequinhos de porcelana azuis, canais, bicicletas e outras coisas saudáveis.

Eça, conta à gente o que me vai na alma.

"Existe no fundo de cada um de nós, é certo - tão friamente educados que sejamos -, um resto de misticismo; e basta às vezes uma paisagem soturna, o velho muro de um cemitério, um ermo ascético, as emolientes brancuras de um luar - para que esse fundo místico suba, se alargue como um nevoeiro, encha a alma, a sensação e a ideia, e fique assim o mais matemático, ou o mais crítico - tão triste, tão visionário, tão idealista -, como um velho monge poeta".

Sinto os sentidos levemente atordoados de tanta paz e calmaria, um alheamento perceptivo do real muito saboroso, assim como um ligeiro torpor caramelizado, doce, que me sacia. Ao invés de triste sinto-me antes muito feliz aqui, sossegado, como se estivesse imune ao que quisesse estar, sem pensar no que isso significa exactamente porque não quero pensar. Nada em concreto. Sinto-me aqui é realmente seguro. É isso. Como me sentia em pequeno ao visitar a terra e os avós. Somente concentrado em jogar à parede todo o dia com a mesma bola do ano anterior.

O prazer de pegar na bicicleta de noite quando tudo dorme e passear pela cidade deserta, pacificamente, pensar e pedalar, é inigualável. Apenas tu me faltas neste quadro de Vermeer. Mas acompanhas-me permanentemente em tudo quanto vejo que acho bonito. E isto aqui é lindíssimo...

Pensar e pedalar.

Singularidades de uma Rapariga Loira. 1,2,3,......conto-as, mas perco a conta ao atravessar o teu infinito. Hoje percorremos este deserto, mas amanhã não tardará e saciaremos a sede dos últimos dias na fonte inesgotável que ambos andamos a contruir. Leio antes de dormir este conto singular, aos meus olhos já um dos de fadas. Aqui neste quadro então, difícil é não imaginar-te a rebolar e florir comigo nos campos coloridos de tulipas, cabelos brilhantes do Sol, vestidinho angelical, imaculado, inocentemente provocante, dia de calor como o de hoje, aromas doces e quentes perfumando o ar e os nossos corpos, e as pás de um moinho girando e rodando um filme para adultos. Serás paixão até ao fim.

Realmente há luares lindos. Místicos. E aquele que nos iluminou quando tropeçamos, quando fugíamos, agarrados, aos olhares insuspeitos, tem surgido dia após dia, desde o primeiro momento, reflectindo lá do alto a mais bela luz que alguma vez me sossegou. Enche-me a alma, a sensaçao e a ideia, apaziguando-me o sono. De manhã sorris-me, soalheira.

Visionário e idealista como deve ser todo o cowboy cantor, vou cantando por aqui poemas da minha autoria. Para um monge estou eternamente corrompido pela minha paixão. Vicissitudes das tuas singularidades infinitas.

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